Em 150 anos
Supondo que os Espíritos
superiores que conduzem o destino do planeta Terra resolvessem,
em um período de 150 anos, renovar os Espíritos aqui
encarnados, façamos um exercício mental, um aprendizado
pela imaginação e pensemos como seria esse cenário...
Assim, a cada Espírito encarnado, a Terra receberia um Espírito
altamente evoluído, de forma que no espaço de um século
e meio teríamos sobre a superfície terrestre somente
Espíritos iluminados, de escol, criando um processo de regeneração
induzida.
A nova Terra teria habitantes preocupados com as questões
sociais, onde uma criança faminta mobilizaria mais a opinião
pública que uma partida de futebol. O saber e a fraternidade
seriam exaltados e o respeito, ah, esse seria um valor sentido nas
ruas.
O meio ambiente seria preservado de forma consciente, por cada um,
e o consumo não seria um fim e sim um meio da vida digna
e justa, com os direitos fundamentais a orientar o caminho de cada
irmão.
O preconceito, a competitividade, a violência cederiam lugar
a outras formas de resolução de conflitos, baseados
na cooperação e no diálogo. Cada um cresceria
em valores e potencial, pensando no coletivo, nos desvalidos, e
na criação de coisas que melhorassem a vida humana.
A escola cederia lugar à prisão, o livro preencheria
o tempo ocioso e o sorriso campearia as relações,
de maneira profunda, de forma que cada um seria tratado como um
irmão em humanidade. As guerras se extinguiriam, as armas
seriam aposentadas e a dor, natural da vida humana, seria vista
como um instrumento de reflexão, de aprimoramento moral.
Passada a transição de 150 anos, na qual os Espíritos
mais amadurecidos substituiriam os aqui encarnados, os desafios
da vida humana nesse mesmo planetinha azul seriam superados pelo
esforço contínuo e integrado de todos, tornando a
existência mais afável e mais fraterna. Assim, essa
geração nova comprovaria que é possível
um mundo melhor.
Utopia? Certamente... Mas uma utopia que nos ensina que grande parte
dos problemas do ser humano encarnado advém da sua conduta
moral, de sua falta de amor e da sua imperfeição,
tendo a regeneração esperada sentido apenas quando
falamos de uma reforma íntima, que construa em cada coração
o mundo novo, dado que essa luta é nossa.
A cada dia, como Espíritos encarnados no orbe terrestre,
somos convidados a fazer diferente. Pelas nossas escolhas, a cada
encarnação, a cada dia, a cada minuto, trazemos em
nossas mãos e em nossas ideias as possibilidades de um mundo
melhor. Podemos, a cada dia, tornar a Terra regenerada, como o sal
da Terra e a luz do mundo.
Em 150 anos, em uma ação radical, com a substituição
da escalação atual, poderíamos virar totalmente
o jogo. Mas não é isso que esperam de nós Jesus
e os outros Espíritos superiores que velam pela nossa comunidade.
Eles esperam de nós, sujeitos dessa existência, a mudança
que permita a transformação de sombras em luz, pelo
expurgo do mal que resiste em habitar em nós.
Ao reclamarmos de Deus, do destino, da natureza, do azar..., lembremos
da nossa posição do planeta. Olhemos para fora, para
a janela, e vejamos tudo de bom que a nossa civilização
construiu, bem como todas as mazelas que nós arrastamos.
Superamos distâncias pela internet e ampliamos a expectativa
de vida em muitos países, mas amargamos ainda a fome, a ignorância,
a miséria, o preconceito, a guerra, a nos envergonhar na
categoria humana.
Não, apesar de nosso exercício mental, Deus e os Espíritos
superiores não vão nos substituir na Terra, colocando
aqui um time de notáveis. O embate é nosso, a ser
travado na escola da encarnação. Se quisermos o bem,
devemos trabalhar por isso, enxergar que, enquanto o mal campear,
não seremos plenamente felizes nesse mundo e que isso não
implica, no entanto, em nos sentarmos, acomodados, esperando o bem
que virá.
A hora é agora, e o momento de agir é sempre e cada
minuto é uma oportunidade ganha ou perdida de vencermos as
nossas lutas interiores e as batalhas coletivas. Fugir disso é
aguardar dormindo o juízo final, um paradigma que Kardec
nos deu elementos para superá-lo.
Fora da caridade não há salvação...
Reconhece-se o espírita pelo seu esforço... Meus discípulos
serão reconhecidos por muito se amarem... A nova era não
virá. Será construída por nós, e isso,
amigos, é mais que uma dádiva.